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sábado, 16 de fevereiro de 2013

talvez ...

   Que sensação gostosa... ser desejada, me sentir desejada, observada, com infinitas possibilidades...

   Estava deitada, meio coberta meio descoberta, enrolada em lençois, desenrolada, desinibida? Nem tanto, mas ele me olhava. Com admiração? Também, mas com desejo. E eu retribui, queria ele também e muito! Mas tinha alguma coisa que impediu aquele momento, não sei o quê, ou talvez quem... Mas estavamos impedidos e a sensação ficou no olhar, ficou pairando entre nossos olhos encontrados e nosso desejo. Talvez depois, talvez na próxima oportunidade, talvez nunca.

   Eu teria coragem algum dia? Eu, casada, mãe, seriamente comprometida, tão rígida com tudo que envolva respeito aos outros, será que me permitiria ser levada por um momento? Não sei, talvez sim. Mas me deu vontade de ligar pra ele na hora e saber. Então, perdi o sono... e o juízo? Talvez.

   Olho para o lado, me viro e reviro, meu marido dorme tranquilamente como todas as noites nos últimos 15 anos. Está amanhecendo, 6 horas da manhã e eu perdi completamente o sono. Por mais que tente não consigo voltar ao sono, ao sonho... Perdeu-se entre o 'será?', o 'impossível!' e o 'talvez...'.

   6:30 da manhã de sábado, minha filha acabou de chegar da balada, ou do motel, não sei. Já tem 18 e a única coisa que me resta é agradecer a Deus porque chegou inteira, sã e salva dos perigos da noite e da rua. Mas e os da vida? Os do coração? Nem tanto, tenho certeza. Esses perigos perseguem a todos em qualquer lugar, deles ninguém está a salvo. Na rua ou trancada dentro de casa, dormindo tranquilamente na própria cama.

   E tudo começou com uma frase jogada ao vento numa noite entre amigos e comemoração, entre batatas fritas e frango a passarinho, entre garçons cansados e mesas por limpar, entre risos alegres, festivos e copos de cerveja barata. Ha, se não fosse aquela frase talvez eu ainda estivesse presa à certeza, à segurança, à calmaria. Depois dela, tudo é 'talvez...'.

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